Linguagem Simples, saúde pública e cidadania

O setor público precisa garantir à população o acesso e a compreensão de informações e circunstâncias impostas pelo novo coronavírus

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A escrita clara e objetiva pode orientar as(os) cidadãs(ãos) e amenizar os efeitos devastadores da pandemia de COVID-19. Nesse sentido, parece ser urgente aplicar a Linguagem Simples, técnica de redação e causa social posta em prática desde a década de 1970, inicialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Uma comunicação estará em Linguagem Simples se o texto, combinado com o design, for claro o suficiente para que a cidadã e o cidadão:

  • Encontrem facilmente o que procuram;
  • Compreendam o que encontram e
  • Usem essa informação.

Ou seja, no caso do setor público, o texto deve ser pensado e elaborado, desde o início, para a(o) cidadã(ão). Para isso, importa considerar, entre outros fatores, o perfil social e os diferentes níveis de inclusão digital e alfabetização.

Sobre este último, dados de 2018 do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf Brasil) revelaram que cerca de 3 em cada 10 brasileiros têm muita dificuldade para fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano. Isso inclui reconhecer informações em um cartaz ou folheto, por exemplo.

Selecionamos e comentamos a seguir 6 orientações, entre outras tantas, que podem contribuir para uma redação mais clara, nesse momento crítico de saúde pública.

#1 Hierarquia

As informações mais importantes se destacam e aparecem primeiro no conjunto textual. Em seguida, os detalhes. É o chamado estilo da pirâmide invertida. Hoje, escaneamos de modo rápido as telas de celulares e computadores para buscar a informação. Há pouco tempo ou paciência para excesso de cliques e rolagens.

#2 Vocabulário

Compor o texto com palavras mais usuais, do cotidiano da(o) cidadã(ão), facilita a leitura. Isso também acontece quando se minimiza, tanto quanto possível, o uso de termos técnicos e abreviaturas. A menos que venham acompanhados de explicações.

No atual contexto, por exemplo, é melhor usar “grupo de pessoas” ao invés de “aglomeração”. Ou “doença”, e não “patologia”.

#3 Clareza

A frase mais fácil de ler é curta, objetiva e direta (sujeito > verbo > predicado). Diretrizes internacionais de Linguagem Simples sugerem frases escritas com até 20 palavras.

Na língua portuguesa, no entanto, ainda não há estudos que indiquem esse mesmo número. Mas uma frase mais breve e sem várias informações intercaladas tem mais chance de evitar ambiguidades e ser compreendida logo na primeira leitura.

#4 Objetividade

Cortar palavras desnecessárias da frase. Essa é uma habilidade linguística difícil, mas necessária para tornar o texto conciso e não abusar do tempo da(o) cidadã(ão) que precisa se informar.

Revisar o texto é a melhor maneira de fazer esse enxugamento.

#5 Design

Um texto comunica (e convida) de modo mais eficiente se a escrita for combinada com o design. Espaçamentos, fontes e tamanhos adequados, disposição em tópicos, com marcadores, títulos destacados, ícones e imagens, tudo para reforçar a mensagem escrita.

Organizar o texto considerando o meio através do qual ele será veiculado (seja impresso ou digital) e para quem se dirige, coopera com a clareza.

#6 Empatia e acessibilidade

Em épocas de extrema tensão, o amparo e a cordialidade são fundamentais. Um tom mais humano e empático, por favor. Além disso, o texto deve ser compreendido por todas(os) as(os) cidadãs(ãos). E uma redação clara e objetiva contribui para aumentar a acessibilidade.

Escrever aplicando Linguagem Simples, trocadilhos à parte, não é tarefa simples, mas bem complexa. Além de experiência linguística, requer bom senso e constante diálogo com as áreas técnicas do assunto a ser simplificado. Sem esquecer também que, como algo novo e em construção, são necessários a pesquisa permanente e o acompanhamento de experiências bem-sucedidas no Brasil e no mundo.

O Íris — Laboratório de Inovação e Dados do Governo do Estado do Ceará trabalha em um projeto de Linguagem Simples, ainda em fase inicial e pioneiro no Nordeste, para inovar e transformar, pouco a pouco, a comunicação escrita estadual. O objetivo é tornar mais clara a comunicação governamental com a(o) cidadã(ão), sobretudo no meio digital.

Íris e a saúde pública

Recentemente, o laboratório, em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado, acelerou a construção de uma plataforma de atendimento virtual de saúde e incluiu o uso de Linguagem Simples nos textos do bot.

Em um processo contínuo, esses textos vêm sendo revisados e simplificados.

Tarefa desafiadora como os tempos de agora. Mas, na mesma medida do desafio, oportuna para estimular efetivas transformações. Para melhor, claro.

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Acesse também o episódio Linguagem Simples para aproximar governo e cidadão, do podcast Cearenseando, com Heloisa Fischer, pesquisadora e especialista em Linguagem Simples:

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