Governos orientados a dados

#DataDrivenGov #Dados #SetorPublico #Transparencia #GovernoAberto

A gestão orientada a dados está revolucionando a forma como resolvemos problemas e tomamos decisões. Mas o que é uma gestão orientada a dados? Como esse modelo está ajudando a melhorar o setor público?

Gestão orientada a dados é uma forma de gestão que utiliza dados verificáveis e confiáveis para a tomada de decisões mais eficiente e assertiva. Isso faz com que menos recursos sejam desperdiçados na organização, além de tornar projetos e programas mais efetivos.

Com o auxílio do uso de dados, fica bem mais fácil identificar prioridades para gerar valor. Para isso, precisamos de um aculturamento analítico, que é a adaptação de uma equipe ou organização às melhores práticas de gestão baseada em dados.

De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a gestão orientada a dados é uma das dimensões da Transformação Digital e do Governo Digital. Nessa perspectiva, um governo orientado a dados é aquele “capaz de antecipar as tendências sociais e compreender as necessidades dos usuários, transformar a formulação, o fornecimento e o monitoramento de políticas públicas e serviços por meio da gestão e da utilização de dados” (OCDE, 2018).

#Entendendo o contexto

Em pesquisa realizada em maio de 2013, estimava-se que 90% dos dados disponíveis haviam sido criados nos últimos 2 anos. A cada minuto, por exemplo, são enviados 149.513 e-mails. Previsões do Fórum Econômico Mundial mostram que teremos 2,7 milhões de empregos relacionados a dados até o final de 2020. Esses números mostram porque tanto gigantes do mercado quanto governos estão investindo na construção de uma cultura orientada a dados.

Quando falamos em dados, geralmente a primeira coisa que nos vem à mente são computadores, inteligência artificial ou aprendizagem automática (em inglês, machine learning). Mas, na verdade, o principal e decisivo fator nessa inovação são as pessoas.

Na gestão orientada a dados, o maior desafio é capacitar gestoras e gestores para a leitura e a interpretação dos dados. Isso significa parar de buscar saídas para problemas através de caminhos percorridos no passado e passar a utilizar a análise de dados para encontrar tendências e antecipar cenários.

Essa educação não se restringe apenas à alta gestão, aos cientistas ou à equipe de Tecnologia da Informação dos governos. É necessário que toda a administração conheça sobre o assunto e tenha acesso a informações que auxiliem suas atividades diárias.

#Exemplos de gestão orientada a dados

  • Hong Kong

Em média, são 2,68 milhões de ligações e 98 mil e-mails por ano com reclamações dos cidadãos. O governo coleta os dados, analisa a causa dos problemas e toma suas decisões com base no coletado.

  • Los Angeles

O Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) utiliza técnicas de previsão estatística para criar mapas indicando onde é mais provável que aconteçam crimes, modelo similar ao desenvolvido no Ceará pela equipe do Cientista Chefe de Dados da Transformação Digital do Governo do Ceará, professor José Macedo.

  • Coreia do Sul

O país conseguiu controlar o surto de COVID-19 fazendo testes em massa. Até o dia 17 de março, mais de 270 mil coreanos haviam sido testados. A partir desses dados, o governo rastreou o curso do vírus e instituiu a quarentena para possíveis infectados. Até o dia 12 de junho de 2020, a Coreia do Sul teve apenas 277 mortes (no mesmo período, o Brasil chegou a 41.058 mortos; e os Estados Unidos a 116.054).

#Princípios norteadores da gestão orientada a dados

  1. Privacidade

Todos os dados utilizados pelo setor público devem seguir os princípios da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

2. Transparência

Os dados devem ser públicos e abertos à população. Isso significa, por exemplo, que devem ser completos, acessíveis, atuais, processáveis por máquina, entre outros critérios de Dados Abertos estabelecidos em legislação. Todos os dados públicos devem seguir os princípios da Lei de Acesso à Informação;

3. Inteligibilidade

Toda a organização deve ser capaz de encontrar e compreender os dados de seu interesse.

4. Rastreabilidade

Todos os dados devem ser rastreáveis e acompanhados de ponta a ponta.

5. Escalabilidade

Toda a arquitetura de dados deve ser construída de forma a suportar o crescimento exponencial.

6. Confiança

Toda a arquitetura de dados disponibilizada deve ser confiável e verificável.

7. Segurança

Toda a organização deve ser capaz de prover medidas visando à proteção, ou à mitigação de riscos, contra perdas e vazamentos dos dados armazenados pela gestão.

O Íris — Laboratório de Inovação e Dados acredita que o uso de dados é um dos pilares centrais da Transformação Digital do governo, juntamente com pessoas e tecnologia. Uma gestão analítica tem o potencial de garantir que as decisões sejam tomadas com base em fatos e evidências.

Além disso, governos orientados a dados (em inglês, data driven governments) são capazes de construir — e aprimorar — políticas e serviços públicos a partir da observação dos dados provenientes dos(as) cidadãos(ãs).

É o caminho percorrido para que os dados colhidos se transformem em informações com valor público, as quais retornam para a população, por exemplo, através do redesenho de um serviço ou política pública mais direcionados e personalizados. Isso se relaciona com o que se chama na literatura de políticas públicas baseadas em evidências (PPBE), mas isso é assunto para um próximo artigo ;)

Seguimos à disposição para conversar sobre o tema e seguir na missão de construir um governo cada vez mais #orientadoadados (#datadriven) para a população.

O Íris LabGov está de portas — virtuais — abertas!

Referências:

Câmara dos Deputados. Transparência. Princípios dos dados governamentais abertos. https://www2.camara.leg.br/transparencia/dados-abertos/leis-e-principios-dos-dados-governamentais-abertos. Acesso em: 10/06/2020.

Documento Temático da OCDE sobre a Estrutura do Governo Digital (“The Digital Government Framework”). <http://editor.planejamento.gov.br/seminariodigital/seminario/digital-gov-review-brazil-portugues.pdf>. Acesso em: 10/06/2020.

IBM Center for The Business of Government. Data-Driven Government: The Role of Chief Data Officers. <https://www.innovations.harvard.edu/sites/default/files/Data-Driven-Government.pdf>. Acesso em: 10/06/2020.

Insight Data Science Lab. UFCTV destaca a participação da UFC nas novas estratégias de segurança do Ceará. <https://insightlab.ufc.br/ufctv-destaca-participacao-da-ufc-nas-novas-estrategias-de-seguranca-do-ceara/>. 08/11/2019. Acesso em: 10/06/2020.

Lei n. 12527/2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em 25/05/2020.

Lei n. 13.709/2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm>. Acesso em 25/05/2020.

Nexo Jornal. Precisamos de políticas públicas com evidências. <https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/Precisamos-de-pol%C3%ADticas-p%C3%BAblicas-com-evid%C3%AAncias1>.07/03/2018. Acesso em: 10/06/2020.

NodeGraph. The Big Data Facts Update 2020. <https://www.nodegraph.se/big-data-facts/>. Acesso em: 10/06/2020.

OECD (2018). Digital Government Review of Brazil: Towards the Digital Transformation of the Public Sector. OECD Digital Government Studies. OECD Publishing. Paris. <https://doi.org/10.1787/9789264307636-en>. Acesso em: 10/06/2020.

OCDE (2019). The Path to Becoming a Data-Driven Public Sector. <https://www.oecd-ilibrary.org/sites/059814a7-en/1/2/2/index.html?itemId=/content/publication/059814a7-en&_csp_=a527a7269ce984d41531dc563087a73c&itemIGO=oecd&itemContentType=book#chapter-d1e5187>. Acesso em: 10/06/2020.

Open Minds. A Data-Driven Culture: What It Is & Why It’s Important. 18/11/2016. <https://www.openminds.com/market-intelligence/executive-briefings/instilling-a-data-culture-at-your-organization/>. Acesso em: 10/06/2020.

ScienceDaily. Big Data, for better or worse: 90% of world’s data generated over last two years. <https://www.sciencedaily.com/releases/2013/05/130522085217.htm>. Acesso em: 10/06/2020.

The Digital Enterprise. Are you ready for the data-driven management revolution?. <https://www.cio.com/article/3314556/are-you-ready-for-the-data-driven-management-revolution.html>.17/10/2018. Acesso em: 10/06/2020.

TTEC. Data-driven Decision Making at Work in the Public Sector. <https://www.ttec.com/articles/data-driven-decision-making-work-public-sector>. Acesso em: 10/06/2020.

United States Government. Digital.gov. 2016. The Data Briefing: Four Steps to Becoming a Data-Driven Organization. <https://digital.gov/2016/11/09/the-data-briefing-four-steps-to-becoming-a-data-driven-organization/>. Acesso em: 10/06/2020.

van Ooijen, C., B. Ubaldi and B. Welby (2019). A data-driven public sector: Enabling the strategic use of data for productive, inclusive and trustworthy governance. https://doi.org/10.1787/09ab162c-en

Worldometer. Coronavirus. Countries. <https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries>. Acesso em: 10/06/2020.

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